Beijos sob Água de Coco
Quando nos dispomos a mudar propositalmente o rumo do trem da vida, deparamo-nos com surpresas cativantes. O que me houve terá enredo de novela, para sempre, profetizado pelo coração. Uma anedota escrita com mansidão , comparando meu sofrimento com tudo que denominei sonho. Aliás, fora em forma de sonho que tudo isso se deu.
Graciosa história localizada na lógica de dois corações esperançosos. Desci a serra procurando um alento veraz no compêndio belo de fauna e flora, porém nesse vão apetite minha ânsia às surpresas crescia mais e mais. A evolução da ação ou do ato de correr pequenos quilômetros, para ser feliz de fato, as rodas do pesado veículo seguindo em direção a uma realidade , antes bem sonhada. Inútil esboçar isso em sorriso, quiçá em lágrimas. No conforto da habitual poltrona do veículo, meus olhos rudimentares atentavam para a esperança fora dele. Que será dela? Virá até mim mergulhada em inocência, trazendo-me a tragédia necessária e um sentimento regado a coco e harmonia...harmonia...um termo opcional que abocanha a paciência dos músicos. Opcional apenas aos músicos de veneta.
De repente , poderia tornar-se tudo saudade, solidificada nos parapeitos , no edifício, no asfalto..mas, vale seguir em frente, sem pretender antever o final. Eis que, estando frente à estrada, vi que o coração alucinava-se na canção do cansaço preferido – o que o corpo, quando ama, rejeita...não ousa cansar-se banalmente...isso é o funcionamento rotineiro da química.
No entanto, após ter desembarcado, o copro, a estância livre de integridade e inocência, irrompe, estampada nos fragmentos de sol, estendendo-me a sua face para o beijo matinal. Me perdoem os céticos, os modernistas sobretudo, mas um coração brasileiro tornas-se insuperável nos modos corriqueiros do cotidiano. Encontrar o amor, muito embora tendo-se que abocanhar febrilmente alguns imperceptíveis quilômetros, não faz de nenhum vivente um ser desmiolado e patético. Mais patético é aquele que não possui amor para buscar; E nada mais horrendo que não aventurar-se para sofrer positivamente (na positividade do amor). Sob a ótica inaugural de uma tarde incapaz de cessar a modelagem da natureza, sinto os lábios, banhados de água de coco, sedimentados no coração e na saudade antecipada pelo momento, e assim logo penso: - o nosso coração brasileiro precisa é de beijos saborosos – como água de coco. Violão e a namorada do lado, fechando o espetáculo da tarde escondida numa praça desconhecida...só monólogos de confidências, ademais uns gestos que, de tão sinceros, tornam-se eternos._