25 de ago. de 2011

ELEGIA PARA O AMOR E O REENCONTRO

Lá no anfiteatro das árvores tranquilas, pasmadas com o sol,
O doce fruto me esperava e eu corria, para teus braços, para os braços das lágrimas
Enquanto do meu cérebro irrompiam amargas lições do mundo antigo,
Dito mundo onde eu poetava, cantor do escuro?
O longo tapete dos olhos semiabertos e me acenava você , curiosa,
Detrás da sombra do edifício circundando o monte do meu ser,
O monte da terra, o monte das eras,
Como eram teus sonhos enormes exclamações sentenciais!
Entre os infernos, os choques, centauros,
Pingavam nódoas femininas em borracha, citosina, guanina,
Na borracha do céu - cônscias e sérias almas endividadas
Que impregnam de fome o sonho dos corpos infantis!
A grave poesia séria da bandeira desnuda, destarte alguma frase?
No profissionalismo dos corpos seguiremos avante
Arfantes, dois arados no sistema capitalista, arados exaustos,
Dos quais descansam os discos pratas no infinito céu dos burocratas pacificados !
Ah, mulher sem ser , mulher sem ter,
A mulher para mim, a mulher de mim...
Cuja finalidade corpórea serve para atingir vozes e surdinas,
Cujo caminho seu é ir-se de encontro ao além existente nos povoados
Do sexo entretido com o encontro das águas,
De repente aquela cobiça pura de olhar água morna e sair cantando,
E eu deitando contigo amada, na relva dos danos,
E nós dois, ambos capitalistas sem bandeiras , olhando uma viela de almas
E um caminho empoeirado com seu destino certo,
Que nos levará a nenhuma habitação, a nada.


E na bandeira do amor no caminho sentiremos , exaustos , a importância do céu!
O céu e o reencontro........

1 de ago. de 2011

( Depoimento ) Quando fatos rotineiros nos conduzem ao aprendizado inevitável..

Sabe, às vezes eu belisco meu coração, protelando ansiedade e sonhos, querendo buscar a compreender o que sinto por você e que, por ser de imensurável dimensão, coloca-se contraparente a qualquer definição.

Todo homem que algum dia queira formar uma família, encabeçar um lar, ser dependente do carinho da mulher que ama, deveria ler este pequeno relato breve. Trata-se de um manual elaborado por quem aprendera um pouco.

Vejo pelas ruas tantos homens brutos, de corpo malhado, valentões, que na verdade não sabem calcular a massa da miséria de amor que lhes contorna o coração , tornando-os densos, desumanos, despreocupados até mesmo com os beijos. Não estou deitando crítica voltada à personalidade, até porque muitos garantem o sustendo do lar andando maltrapilhos e brutos. Estou falando de carinho. Os beijos pesam, têm número atômico definido na periodicidade do afeto. Todo homem que se preza deveria, pelo menos uma única vez, fazer poesias. É verdade, vez que os papéis trazem um pulso de masculinidade até então desconhecida pelos homens. Reconheço que atualmente isso não é tido como verosimilhança emocional, já que as moedas importam sobremaneira, ficando as palavras por escanteio. Todavia é da palavra que nascem as moedas. Todo homem deve dar rosas às vezes, pegar na mão, apreciar o vazio de lua que se instaura pela madrugada e que se incha, transformando-se momentos depois numa manhã agradável de terça feira . Incrível, custei a crer que sou dependente das luas que se incham.

O homem deve respeitar as cartas antigas, não fazer por onde ressurgir destemperamento de humor de coisas envelhecidas, pois elas não falam nem temem, são abióticas. Há homens que fazem um verdadeiro espetáculo machista com velhas cartas de amor!E nem sabem que o fato de terem se casado, sido pais com a receptora das cartas, dar-lhes-á segurança plena até o fim da vida. O amor presente vale mais que um fato antigo dissolvido em papel. O homem deve exclamar de surpresa ao ser pai, ver detalhadamente aquela porçãozinha humana que advém do ventre de sua amada, que contém características suas e da mulher (um ser que levará adiante a prova material de que mais uma história de amor deu certo, vencendo o caos do mundo).Os filhos provam a cumplicidade dos pais, mesmo que exista ela durante o coito, onde gemidos funcionam como declarações carnais pulsantes e sinceras.

Ao homem deve importar o sexo como cumplicidade, não como uma amostra de potencialidade, contando quantas “consegue tirar”. É mais nobre que ele conte suas façanhas transando sozinho. Ao homem deve estar inerente a busca pelo corpo da mulher, não só nas horas de desejo ostensivo. Todo momento pode ser um desejo ostensivo, e nas horas de “desejos negativos” é para o corpo feminino que o homem correrá. Ao homem deveria importar menos a lata de doce, a roupa engomada, os céus modorrentos de março, e trocar tudo isso por um afinado violão. A música é a única matemática que nosso cérebro abarca voluntariamente. Deve o homem aprender piano, ser corajoso nas horas necessárias, zelosamente sentimental com a mulher que ama (geralmente confundem zelo com aprisionamento).

Deve ser ele livre para compor um conto, contar piadas sábias , reparar o crescimento de uma árvore – ser menos alcoólico – aprendendo que fermentação nata nasce de um beijo explosivo, que o amor é sentido em tempo presente e que não poderá ressurgir de repente, na maneira que melhor lhe apraz, detrás da estante, ou de uma velha caixinha de madeira desbotada. Ver que tais “cartinhas” funcionam análogas ao curso do rio perene, pois a cada ano que ele reparar no rio, verá que o efeito corrente da água independerá do intervalo de tempo que ele, homem curioso, estipular para reparar nesse fenômeno corriqueiro . De 30 em 30 anos o rio correrá sempre à mesma direção. Assim como é incompreensível se querer compreender as estrelas, garanto que ele estará carequinha quando aprender que as estrelas sempre brilharão, contraparentes à sua escolha.

O homem deve ser sereno, correr no sereno, manjar mais os fatos (às vezes incorporar-se nos fatos), ser mais cúmplice com a carne feminina, vendo abaixo da carne sensual a religião para a qual seu espírito retamente se inclinara; encontro homens que ao invés de se juntarem às mulheres, distanciam-se cada vez mais, confundindo minha modesta acepção mundana. O homem mais carente que pude conhece morrera aos trinta anos, abandonando casa e filhos, e essa sofreguidão vi dentro de seus olhos. O homem não ser preenchido nem vago. Tampouco um gentleman atrás dos talheres dourados, mas sim um verdadeiro homem atrás dos talheres de alumínio. Veja que a taça de cristal não vale mais que a taça de vidro - ambas têm a mesma função. E que, na hora em que ele, homem curioso, se detiver com sua imagem diante do espelho, faça por refletir mais um ponto, não laborando dogmas filosóficos, sentenças matemáticas sem fundamento, mas usando a simplicidade que Deus lhe deu : que é melhor o amor, que origina sabedoria a ter que ser máquina de produção. Que o sexo não é produção carnal – sim uma forma de cumplicidade a dois que ele jamais compreenderá, e que isso será cobrado nas horas de íntima solidão. Que às vezes é necessário que o frio entre debaixo das cobertas na madrugada e que, quando isso ocorrer, ele abrace a mulher que está do teu lado e veja que valeu a pena correr pelo sereno, que seu filho nascera, que a cumplicidade carnal- amorosa é deveras importante. Antes dessa conclusão surgir, é mister que esteja relaxado, lendo um livro, pensando na amada. Sendo um bom homem, de coração musculoso. Esteja vestido a caráter.


E, dessa forma, ficará extático como estou e haverá um ponto a seu favor: quando tudo isso vier, ele realmente terá aprendido. Aprendido que o é necessário aprender.