13 de set. de 2011

TEMPOS MODERNOS


Ferozmente, o lobo devorador consome o tempo e a paciência daqueles que se atrevem a ficar horas e horas compartilhando sentenças tolas ao seu lado. Entretanto, sua fala é seguida de tom acentuado, sentenças viáveis àqueles que usam de malandragem para sobreviver, coisa que um reles marginal reconheceria à distância. Centenas de almas com psiquê amortalhado de dívidas altas depositam esperança no gazofilácio. Um feixe de luz corta as vidraças, dando brilho à condolência galvânica das joias modestas do “líder ministerial”.

O canto uníssono das beatas recheadas com refrigerante de uva . A castidade, o desterro material seriamente agregado às notas fiscais , sepultadas na gaveta , lugar agraciado por Deus. Parece , todavia, um manto de poder, um tapete estendido em pleno solo brasileiro, onde um homem comanda uma determinada quantidade de ouvidos curiosos, bocas curiosas e olhos manipulados. Apenas não manipularam-me a mente - eis o que importa . De repente vi uma cerca arrebentada, arrematei toda a distância possível num só pulo. Decorei as ladainhas, choraminguei as promessas individuais, nas quais apenas Deus me abençoaria, enquanto o meu próximo pedia pelas bênçãos inerentes ao seu contexto social. Ao pular a cerca, tudo isso ficara no esquecimento santo.


Elite cheirando a mofo em pleno século moderno. Moedas e mais moedas adentram no gazofilácio, ao passo que minha paciência esmorece. Certamente, é mais conveniente que o céu esteja no meio da rua, no sagrado prato de comida, no necessário suor diário do que aqui dentro. Tudo cheiro de mofo. Acompanho o líder entoando uma prédica em pó,e os seres automaticamente levantam-se para depositar no gazofilácio a esperança em forma de moeda.

Tudo sob o bafo musical das beatas recheadas de refrigerante de uva, procrastinadores de milagres, homens batidos e civis consciências violadas.

2 de set. de 2011

Um Sono


Espero que toda noite seja pouca, que teus braços de mulher sejam mais altos que as estrelas que ninguém relatou.

Preciso que meus versos cantem temas sinceros, de um modo submisso, feito um escravo decorrente do espaço onde há quadros, tintas e vexames. Preciso, agora mais do que antes, de um parágrafo inovado, tecido por mãos sinceras. Preciso doutorar a fase da justiça, tatuada no coração dos mais fracos. Cessei com a água das crenças, mergulhei num fundo pântano. De lá extraí vozes moles, seres afobados no costume, placas inacabadas e a fórmula da poesia não descoberta. Trouxe uma pá para compor um conto. Isto será um conto na minha eternidade. Acredito sinceramente que a psicologia não apoiará um reles homem que quer desenterrar alguém que durma no imutável escuro, detrás da cortina das horas. Para isso há uma pá.

Passa o dia. Chegou a vez dos cabelos, o corpo espera o toque das mãos conhecidas (geralmente são calorosas as mãos que conhecemos). De repente, um montante de vozes ripostam o absurdo pelo lado de fora do meu apartamento:

_ É o amor do caos no pé do ouvido.

Por um momento caio no sono. E ainda não durmo.